sábado, 15 de novembro de 2008

A Perda.


Estou a muito tempo sem o desejo de escrever; E quando isso acontece, silencio-me em pequenos sonhos furtivos nas viagens diárias de idas e vindas no trajeto para o trabalho. São milhares de pensamentos rápidos que passam pela janela do ônibus em movimento e que aguçam a imaginação, mas de nada acrescenta às raízes do espírito.
Mas, eis que me senti motivado em responder a uma colega de trabalho quanto a sua dúvida em seu mais profundo sentimento de repulsa relativo a perda de um ente querido. Ela não entende ou não aceita, o porquê temos de perder alguem tão próximo de nossas vidas. O porquê, alguem que amamos muito, tem de partir um dia. Na hora, senti vontade de lhe dizer que tambem não entendo o porquê, o Pai todo poderoso, permitiu a morte e sofrimento de seu filho chamado Jesus; Um dia ele teria que morrer, mas daquele jeito? Deus, o pai de todos, não lhe deveria privar deste sofrimento? Não poderia realmente afastar-lhe este cálice?

Sabe, parece que tudo que conhecemos da vida nasceu no exato momento do desabrochar de nossa consciência, mas a verdade, é que esta certeza embaça a realidade que nos rodeia, pois o início das leis de todo o universo explodiram sistematicamente quando se fêz vida há bilhões e bilhões de anos atrás em um ponto remoto do inimaginável. Antes mesmo de nossa mãe terra existir, estas mesmas leis já existiam cobrando do "ato" feito, um preço frio chamado "reação". Ou seja, no universo, toda ação tem uma reação. Consequentemente, esta lei dentro da natureza, em particular sobre a evolução das espécies, produz um efeito fantástico quanto a adaptação ao meio ambiente em que se vive. Se parar pra pensar dentro deste conceito não-religioso, vamos descobrir que os acontecimentos não são divinos ou satânicos, mas sim o produto de consequências de um série de fatos manipulados por uma matemática natural.
Se assim não fosse, a pressão atmosférica que lhe exece esmagaria o corpo em segundos, a própria água que nos sacia a sêde, derreteria as entranhas transformando-as num mingau por causa do cloro que ela contem, o mundo selvagem dos micros organismos invadiria o corpo destroçando-o em uma casca morta e sêca, o sol que dá vida queimaria fatalmente a carne, os ossos e a alma. Mas não, os nossos antepassados nos deram uma herança genética maravilhosa através do tempo, de um longo e longo tempo que foge a mais estrondosa imaginação e não há nada de religioso nisso tudo, mas um fantástico processo de seleção onde o melhor sobrevive e o pior fica pelo caminho. Há sim, as grandes obras que foram feitas e as leis que as regem e isso foi o ato de uma inteligência superior de um ser que podemos chamá-lo com toda convicção de Deus.

Olhar pra vida é ver a mão de Deus em tudo e em todos. Em tudo que se vê e o que não se vê. A morte não é nada mais do que a continuidade de espécie, e o sentimento, o produto de uma consciência racional, cheia de desejos, carências, lembranças e individualidades.

Por isso, tenho a nítida certeza de afirmar, que a evolução continua mesmo depois de nossa morte. Pois a essência da vida que sustenta as nossas almas não se extingui quando o corpo deixa de existir, mas se transforma para melhor. Sempre para melhor. NÃO ACEITAR A MORTE É NÃO ACEITAR A VIDA.

Mais uma vêz afirmo, tudo que nos rodeia está em eterna transformação e sempre para melhor. Nada deixa de existir e fica estagnado no tempo. Nada se cria, mas se transforma.
E o que é de mais maravilhoso, é quando a transformação acontece em vida; É quando compreendemos que Deus é mais maravilhoso ainda do que podemos supor, pois quando pensamos que a vida deixa de existir, é quando extraordinariamente ela se inicia.


obs.: Para a dona Kátia.